Resumo
Nesta fala, gostaria de discutir os impactos das assim chamadas ‘Humanidades Digitais’ nos campos das humanidades interessados centralmente na memória – como a filologia e a história. Essa discussão não precisa se atar ao rótulo ‘Humanidades Digitais’; poderemos questionar, de um modo mais amplo, as perspectivas e os desafios abertos pelas tecnologias computacionais de difusão do texto para esses campos. Podemos, com isso, tecer um diálogo entre disciplinas irmãs – diálogo que considero fundamental, já que enfrentamos juntos, atualmente, um grande desafio: o de lidar com um arquivo imenso – com um volume quase impossível de medir – e fundamentalmente disperso, que exige o domínio de um campo de técnicas com as quais a tradição das nossas disciplinas não nos preparou para trabalhar. Mais que isso: um arquivo que parece nos obrigar a uma nova hermenêutica do texto – em particular, do texto caro aos estudos da memória, como irei sugerir. Proponho debatermos algumas experiências de enfrentamento desses desafios, para, examinando-as conjuntamente, tentarmos vislumbrar novos caminhos de pesquisa, nos quais as tecnologias mais recentes venham a somar-se aos saberes e práticas próprios do nosso ofício milenar de “ler o arquivo”.